Passo a passo para abrir uma empresa de saúde sem dor de cabeça

Abrir sua empresa na saúde não precisa ser um processo caótico. Com um roteiro claro, você reduz prazos, evita retrabalho e já nasce pagando o mínimo legal em impostos. Abaixo, o caminho prático — do papel à primeira nota fiscal.

1) Defina o modelo e o escopo

  • Natureza jurídica: para 1 sócio, priorize SLU (Sociedade Limitada Unipessoal); para mais sócios, LTDA. Evite o modelo EI por menor proteção patrimonial.
  • MEI? Profissões regulamentadas (enfermagem, nutrição, psicologia, fisioterapia, TO, medicina etc.) não se enquadram.
  • O que você vai oferecer? Liste serviços (consulta, teleatendimento, procedimentos, exames, cursos, laudos) e escolha os CNAEs da seção 86 (atenção à saúde humana). Quanto mais preciso, menos risco de licenças extras.

2) Contrato/ato constitutivo enxuto e blindado

  • Insira objeto social coerente com os CNAEs.
  • Defina administração, pró-labore e regras de distribuição de lucros.
  • Preveja entrada/saída de sócios e cláusula de não concorrência quando fizer sentido.

3) Abertura integrada (REDESIM)

  • Junta Comercial → gera NIRE/registro.
  • CNPJ na Receita Federal.
  • Inscrição Municipal (serviços) e CCM (cadastro contribuinte municipal).
    Dica: faça tudo integrado para evitar idas e vindas.

4) Enquadramento tributário correto

  • Regra-geral para serviços de saúde: Simples Nacional – Anexo III (alíquotas a partir de 6% sobre o faturamento).
  • Acompanhe o Fator R. O gasto com folha, ou seja, salários da empresa (incluindo o do sócio), sendo ≥ 28% do faturamento, ajuda a permanecer na regra da tabela de impostos “Anexo III” em cenários limítrofes. Esta tabela tem impostos menores do que o Anexo V, por exemplo.
  • Se tiver equipe/folha relevante, simule Lucro Presumido vs. Simples Nacional — em alguns municípios, o imposto sobre serviços (ISS) pesa.

5) Licenças essenciais (evite autuações)

  • Alvará de Funcionamento da Prefeitura.
  • Licença da Vigilância Sanitária (municipal/estadual), quando houver ambiente assistencial.
  • AVCB (Corpo de Bombeiros) para clínicas/consultórios físicos.
  • Responsável Técnico perante o Conselho e Vigilância, quando exigido.
  • PGRSS (resíduos de serviços de saúde) + contrato com empresa coletora licenciada.
  • CNES se pretende credenciar convênios ou atuar em rede SUS/credenciada.

6) Conselho de classe, responsabilidade técnica e ética

  • Mantenha a inscrição ativa nos Conselhos de Classe (ex. COREN, CRN, CRP, CREFITO, etc.). Além da Pessoa Física, será necessário ter o da Pessoa Jurídica.
  • Formalize declaração de RT (Responsável Técnico)  quando o serviço exigir. Pode ser o próprio sócio, se tiver a especialização necessária.
  • Atualize POPs (Procedimento de Operação Padrão) e rotinas assistenciais alinhadas às normas locais. Tenha clareza dos processos que vão impactar sua empresa para evitar riscos.

7) Emissão de NFS-e e rotina fiscal

  • Adquira um certificado digital para emissão de notas fiscais (Exemplos: Certisign, Serasa Experian (AC Serasa), Soluti, etc)
  • Habilite NFS-e no município e configure séries/códigos de serviço.
  • Cadastre tomadores recorrentes (clínicas, empresas), ou seja, os clientes que prestará seus serviços.
  • Programe o calendário de DAS/ISS e obrigatórias acessórias para ter zero multas.

8) Pró-labore, INSS e distribuição de lucros

  • Defina pró-labore compatível com a função (base do INSS e benefícios).
  • Utilize lucros para aumentar o líquido com isenção (regras atuais).
  • Separe conta PJ e conta pessoal. Disciplina financeira é metade do jogo.

9) LGPD na saúde: dados sensíveis

  • Tenha política de privacidade, termo de consentimento e base legal para prontuário e teleatendimento.
  • Controle acesso a informações clínicas; registre logs.
  • Revise contratos com softwares, “nuvens” para guardar dados eletrônicos e meios de pagamento.

10) Operação pronta para escalar

  • Conta bancária PJ, PIX, link de pagamento e integração com agenda/teleconsulta.
  • Contratos padronizados (prestação de serviços, cessão de espaço, credenciamento).
  • Métricas ou KPIs (Key Performance Indicator): defina e meça seus  indicadores-chave de desempenho, como ticket médio (a média de recebimentos por atendimento), taxa de “no-show” de pacientes (quando os mesmos faltam), taxa de conversão de indicação/convênio, DSO (dias para receber = contas a receber ÷ média de receita diária), etc.

Checklist rápido:

  • Modelo societário (SLU/LTDA)
  • CNAEs corretos (seção 86)
  • Contrato social/ato com pró-labore e lucros
  • Junta + CNPJ + Inscrição Municipal/CCM
  • Simples Nacional definido e simulado
  • Alvará, Vigilância, AVCB, RT, PGRSS, CNES (se aplicável)
  • NFS-e habilitada, certificado digital e calendário fiscal
  • Conta bancária PJ, meios de pagamento e integrações
  • LGPD implementada
  • Métricas de sucesso (KPIs) definidas

Erros que mais geram dor de cabeça

  • Escolher CNAE genérico e cair em licença desnecessária.
  • Abrir sem simular os impostos e taxas entre o sistema Simples Nacional x Lucro Presumido.
  • Ignorar pró-labore/INSS e misturar contas pessoais com as da PJ.
  • Esquecer PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde) e AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) em clínicas físicas.
  • Não configurar NFS-e e atrasar recebíveis de convênios/empresas.

Conclusão

Abertura sem estresse é processo, não sorte. Com escopo definido, tributação simulada e licenças planejadas desde o início, você entra em operação rápido, regular e com a carga tributária mínima legal.

Na adm.care, você acessa a uma PJ da saúde, e não precisa se preocupar com nada disso descrito neste manual. Facilitamos para você focar no paciente e ganahr mais como PJ.

Quer começar do jeito certo? Fale com a equipe da adm.care e fique sem dor de cabeça para emitir suas notas fiscais.

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